11 julho 2006

O que vai para aqui?!

Que loucura é esta? Que loucura é esta que mais uma vez se passa em Portugal? Primeira vez que aconteceu, nos últimos trinta anos, foi no Euro 2004. E volta a passar-se, no Mundial de 2006 na Alemanha. Ficámos em 4º. Mas o resultado não interessa... O que interessa realmente aqui é este fenómeno. Ao ponto de um momento para o outro, estarmos todos a cantar o hino nacional e de se ver a bandeira portuguesa espalhada em todo o sítio. Em casas, em carros ou em corpos mais ou menos nus... Infelizmente não partilho da onda de histeria que passou por Portugal e de um momento para o outro nos abandonou tão friamente. Não partilho devido ao meu eterno pragmatismo. Por um lado, acho óptimo que talvez seja o inicio de ganharmos alguma identidade nacional. Finalmente depois de um pouco mais de 30 anos de democracia, recuperamos algum orgulho em sermos portugueses. O futebol foi a causa. Esse desporto que movimenta paixões e massas. Vêem-se pessoas a “torcer” pela selecção nacional que nem gostam de futebol ou então que passaram a gostar ou mesmo então que são “da selecção nacional como clube”. Por outro lado, este “pseudo” patriotismo que apenas aparece quando se joga futebol, não é bom... E no dia-a-dia? Será que este patriotismo se mantém? O que é ser patriótico? É bom? É mau? Acho que por norma é bom. No entanto também pode ser mau. Se me dizem que patriotismo é ter orgulho de onde vimos e da nossa história como nação, penso que é bom. No entanto, se patriotismo é associado ao conservadorismo e fechar-nos sobre nós próprios, é mau. Vivemos numa sociedade global. A ideia de nação é relativa. É importante termos uma forte identidade nacional, mas também é importante termos consciência que o caminho é a abertura de mentalidades e fronteiras. Abertura a nível cultural e principalmente abertura pessoal. Acabar com a “pequenês” de estamos num canto e é ai devemos ficar. Acabar com o preconceito. Acabar com o “estou velho demais para isso”. Acabar com os limites de consciência.
O que estamos a atravessar merece uma reflexão profunda da parte de todos nós. Não pode ser mais uma desculpa para festejar. Mais uma desculpa para esquecer os problemas. Mas sim, um acto bastante importante a nível social, que pode ter muito bons frutos.
Na minha opinião o futuro está na formação das pessoas (não gosto da palavra educação. Associo-a logo a limites que se impõe a uma pessoa através de regras, que supostamente são boas. Também associo-a ao conservadorismo). A formação de pessoas tem que existir tanto nas escolas e universidades, como a nível cultural. A cultura não é uma palavra que está destinada ao fracasso. Nem uma palavra que está destinada aos intelectuais. Mas sim é uma palavra que engloba muito e principalmente constrói a personalidade de uma pessoa. Entendo por cultura arte e todas as actividades sociais (tal como o cinema, teatro, música, desporto, etc.), mas também entendo por cultura, como já referi, a abertura de mentalidades. A abertura de horizontes. A diferença! E a aceitação da mesma!
Sou de Lisboa, amo Lisboa! No entanto tenho a sensação, que neste momento, a única coisa que move Portugal é a chamada Grande Lisboa. O resto de Portugal deixa-se levar pela metrópole. Isto não pode ser! Isto vai sufocar o país! (como já sufoca) A culpa morre solteira como sempre em Portugal... Não vale a pena queixar-nos e deixarmos tudo como está. A vontade de uma pessoa move montanhas... Como tantas vezes já foi provado na História do mundo (tanto para o mal, como para o bem). Penso que se todos quisermos mudar, é possível. É certo que somos poucos, mas mais vale poucos e bons, do que muitos e maus. Vamos apostar na qualidade.

Veni, Vedi, Veci!