27 junho 2006

Queria ver se escrevia qualquer coisa...

Existe um grande vazio de ideias na minha cabeça. Sinto-me cansado. Cansado demais para ser criativo. Neste momento, a criatividade surge como escolha. Não surge naturalmente, como tantas vezes surgiu no passado. Escolho ser criativo para tentar fugir ao cinzento da lógica. O cinzento da abstracção e dos números. Ao cinzento que tantas vezes me consome. Que tantas vezes faz questão de ficar dentro de mim. Escolho a cor para lutar contra ele. A cor que faz questão de ficar na tela. Que sai e que não se despede. Que faz questão de permanecer longe. Longe do frio e da escuridão. Mas perto da alegria. Da novidade. Do sorriso. Da espontaneidade. Do calor. Da luz...

A exigência... Tudo o que vive e morre se rege por ela. A partir dela, tudo evolui. Tudo se modifica. Tudo se constrói. Ser exigente... Será defeito? Será virtude? Será sobrevivência? Será defesa?

A culpa... O sentimento de culpa de águas passadas... De vidas vividas e revividas vezes sem conta. A culpa da falta de exigência. A culpa pelo conformismo. A culpa pelo cinzento.

Ser estranho e diferente é o meu fado. Ser incompreendido... Por vezes posto de parte. Não suporto o peso da conformidade. Este é o meu pior pesadelo. O maior dos meus fantasmas. Muitas pessoas se afastaram e outras, por muita incompreensão minha, se aproximam. Talvez eu seja daqueles animais em risco de extinção. Daqueles animais que ficam bem numa fotografia lá em casa em cima da lareira. Daqueles animais que por tão estranhos que são, são uma conquista. No entanto, não se lhes deve dar de comer... É mudar os seus hábitos... Pode levar-lhe à morte, por conformismo!

Hoje chamaram-me “esquesito”. Talvez quem me chamou não esteja muito longe da verdade...