18 abril 2007

Estava um dia lindíssimo. Um sol abrasador, não havia vento e talvez houvesse algumas ondas que pudessem dar-lhe algumas alegrias momentâneas. No entanto, Diogo estava doente. Não podia sair de casa sequer! Isto entristecia-o bastante... Adorava a praia e todos os prazeres que ela lhe dava. Logo hoje que estava um dia quase perfeito de Verão! Hoje ia ter que remeter-se a um canto de sua casa, que dava o nome de quarto. Era um canto onde mais ninguém tocava. Onde apenas ele e só ele tinha direito a entrar e meditar. Um canto sagrado...
Diogo sentia-se só... Estava doente, quase todos os seus amigos tinham saído da sua aldeia e os seus pais estavam cada vez mais atarefados com o trabalho que o campo lhes dava. Trabalhavam de sol a sol, tal como antigamente. Diogo nunca ouvira uma queixa de seus pais! Isto era algo que ele não conseguia compreender... Sempre que acordava um pouco mais cedo, acordava sempre mal disposto. E queixava-se bastante. Sentia-se uma pessoa mole comparando-se com os seus pais. Chegava a ser sufocante ter pessoas tão exemplares a seu lado. Fazia com que ele se sentisse um total inútil.
Diogo sempre fora um amante da vida. Gostava de desfrutar de todos os prazeres que ela lhe dava. Adorava aprender e conhecer coisas novas. Desde criança que os pais lhe ensinaram que o melhor da vida é a aprendizagem. Que sem ela, a vida não tinha qualquer sentido. E Diogo concordava com seus pais apesar de não perceber muito bem o porquê. No entanto, Diogo crescera... Chegara o momento em que Diogo tinha que decidir o que ia fazer de sua vida. Se realmente ia ficar na aldeia e ajudar os pais no seu incansável e interminável trabalho, ou, se ia abandonar tudo o que amava para ir para a cidade... Era uma dúvida que angustiava Diogo constantemente. Será que na cidade iria ser mais feliz? Pelo menos não teria que trabalhar no campo... No entanto, Diogo tinha a certeza que a cidade não lhe daria os prazeres que o campo lhe dava. Tudo o que Diogo ouvia da cidade é que havia muitas pessoas e muita confusão. Que havia muitos carros e que as praias que haviam estavam cheias de pessoas! Diogo só de pensar nisso até ficava triste com a ideia de mudar para lá. No entanto, sentia que precisava de conhecer a cidade. Tal como os pais lhe tinham ensinado antes, o conhecimento é tudo. Os próprios pais queriam que ele fosse para a cidade! Que saísse dali... Que tivesse uma vida e sorte melhor que eles.
O quê? Tocavam à porta de Diogo? Isto animou-o e de que maneira! Levantou-se como já não tivesse doente e era Joana, uma amiga sua desde infância. Ultimamente estava um pouco estranha... Desde que cresceram, passaram das intermináveis zaragatas e conflitos, para que Joana começasse a ser mais meiga com ele. Diogo não percebia porquê. Abriu a porta à sua amiga e ela deu-lhe um beijo na face. Um beijo doce e fresco que fizera corar Diogo.
- Não me devias beijar! Sabes que ainda não estou bom. Ainda ficas doente! – dissera Diogo.
- Ó tolo... Sabes bem que eu sou rija e não fico doente! O que andas a fazer? – disse Joana.
Diogo explicou-lhe então que ficara a manhã toda em casa e que não tinha feito nada de útil nos dias que esteve doente. Disse-lhe o quanto isto lhe entristecia. Pediu-lhe também para ela não lhe dizer se havia ou não ondas na praia. Ele preferia não saber. Joana sorriu.
- Diogo... Vamos dar um volta! Vais ver que te faz bem! Apanhar ar puro! Trazes um casaco. – disse Joana meigamente.
Diogo aceitou. Afinal já estava melhor e já estava farto de estar em casa. Correu para o quarto para ir buscar o casaco e saiu de casa com a sua amiga Joana.
Que belo dia! Que sol! Não havia nenhum vento... Diogo sempre tivera uma má relação com o vento. Tirava-lhe muitos prazeres na vida esse vento maldoso. Um verdadeiro desmancha prazeres. Joana olhou para Diogo e disse:
- Vamos! Tenho uma surpresa para ti, Diogo!
Diogo ficou a olhar para ela com um ar céptico. Franziu o olhar. Joana deu uma gargalhada.
- Vá! Dá-me a mão e não sejas resmungão! – disse Joana.
E assim foi. Diogo deu-lhe a mão e deixou-se levar até à surpresa da sua amiga. Andaram os dois em silêncio... Os dois a pensar que daqui a um ano o mais provável era não estarem juntos. E daqui a algum tempo cumprimentar-se-iam quase como desconhecidos. Joana soltou uma lágrima. Diogo não reparou. Estava entretido a olhar para as pedras na calçada.
Passado algum tempo de estarem a caminhar, Joana parou... Diogo ficou a olhar para ela e reparou que ela estava com os olhos húmidos. Joana decidiu então quebrar o silêncio.
- Sabes Diogo – disse Joana – gosto muito de ti. Já à muito tempo estava para te dizer, mas achava que tu ias reagir mal. Já nos conhecemos à muito tempo, no entanto, sinto que os meus sentimentos por ti têm vindo a mudar. Tentei compreende-los durante algum tempo e cheguei a esta conclusão. Tenho pena de só te dizer agora... Agora que vais partir... Peço-te desculpas por isso.
Diogo ficou a olhar para ela e sentou-se na relva. Sentiu-se fraco. Não compreendia o que a amiga acabara de lhe dizer. Ficou apenas fixamente a olhar para ela. Com um olhar quase ausente. Um olhar que olhava para dentro de si. Tentou compreender o que estas palavras lhe significavam.
- Dá-me a mão... Vêm comigo! – disse Joana.
E assim fez Diogo. Continuou a pensar. Continuou a não conseguir compreender Joana.
Ela levou-o para a rocha mais alta que dava sobre a praia. Diogo conseguiu ver toda praia e as ondas. Haviam ondas nesse dia na sua praia preferida! Ficou furioso e resmungou pela Joana lhe ter levado ali.
- Senta-te! – ordenou Joana – E ouve!
Sentaram-se os dois. Um ao lado do outro e ficaram a olhar para a praia. Ficaram a ouvir o mar. Não disseram uma palavra um ao outro. Olharam os dois para as ondas e para o infinito. Finalmente Diogo percebeu o que Joana queria ao levar-lhe ali! Afinal tudo fazia sentido olhar as ondas ao lado de Joana. Deu um beijo profundo a Joana e foi a correr para casa.
Ao chegar a casa contou a boa nova aos pais. Decidiu ficar na aldeia a trabalhar. Decidiu ficar ao lado de Joana.

1 Comments:

Blogger RD said...

Ao que sei, temos um amigo comum chamado Diogo, mas näo me parece que a história seja sobre ele...Conta mais coisas! É da tua autoria? Por que puseste esse excerto ou pequena históra no teu blog? Satisfaz a minha voraz curiosidade, por favor. Enäo me digas ue näo consegues pôr por palavras, como fizeste numa outra vez! ;)

16:32  

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