19 junho 2007

Apenas uma coisa é certa na vida... a Morte!

Será que ter constantemente em mente um pensamento vocacionado para esta pequena frase é algo mau? Ou mesmo mórbido? Penso que não e pelo contrário! Que enaltece a própria vida!
Voltando um pouco atrás, na Idade Média houve quase uma espécie de culto pela Morte. A Morte era algo que estava sempre presente na vida diária das pessoas. Todos os dias alguém morria, ou por doença ou numa batalha ou então, algum afortunado, por velhice. Deste modo, as pessoas sabiam que mais tarde ou mais cedo iriam morrer. E tudo o que fizeram na sua vida até aquele momento, nada significaria para outros passado algum tempo. Iriam ser esquecidos, excepto claro, raras excepções.
Mudaram os tempos, mas não este filme. Este acaba sempre em suposta tragédia... na Morte! Na sociedade ocidental actual a Morte não é encarada como deveria e é quase como mistificada. Existe uma espécie de áurea e névoa e também quase um dogma à volta desta ideia. A ideia da Morte foi considerada como algo não necessário às pessoas no seu dia a dia. Uma ideia dispensável. É um acontecimento supostamente trágico e em nada ajuda a desenvolver um país (nem o défice... como se fala muito em Portugal ultimamente). Deste modo a ideia da Morte foi varrida da vida das pessoas, apesar de esta estar implicitamente em todos os telejornais diariamente e no cinema e televisão. Vou parar o meu raciocínio por breves instantes apenas para lembrar um facto curioso que se pode constatar em todos os telejornais. É de notar que as notícias sobre greves ou sobre falta de emprego, devido ao fecho de uma fábrica ou por um negócio não se ter concretizado, vêm primeiro e só depois vêm então as notícias chatas sobre as milhares de mortes que ocorrem por todo o mundo (e.g. Iraque). Algumas nem aparece mesmo ou nem é dada a devida atenção. Dinheiro primeiro que a vida. Status primeiro que a Morte. É quase a ideia que antes Morrer que perder o meu status adquirido ou ficar pobre. Antes Morrer que ser um falhado na vida, segundo os standards ocidentais e aos olhos de outros.
As pessoas cada vez se preocupam mais com o seu status na sociedade. O status costuma ser traduzido pelos resultados dessa pessoa, nomeadamente a nível económico e em relação à sua popularidade social (nomeadamente nos media). As pessoas julgam e são julgadas constantemente e nada fazem para mudar. Como uma bola de neve que não pára de crescer. O que será que as outras pessoas irão pensar depois de eu ter feito isto? O prazer do individuo centra-se assim na massa e na opinião desta em relação a determinados aspectos da vida. Centra-se no standard. Tudo o que vai para além disto é considerado como um desvio e normalmente olhado de lado (principalmente em países pequenos e com mentalidade arcaica, como é o exemplo do nosso Portugal).
A Morte é a resposta a toda esta monotonia e standard social. Ela diz-nos que todos nós vamos morrer mais tarde ou mais cedo. Incluindo eu e tu! É algo inevitável. A resposta a isto é viveres a tua vida como achares que de facto ela merece ser vivida, na tua opinião. Procuras-te a ti próprio e à tua alma. Uma vida em que tu és o centro e tudo o resto é secundário, para não falar de terciário (como o financeiro, o status e o material). A vida é a resposta à Morte. Depois de morreres serás esquecido e passado uma geração, já ninguém se lembra de ti e nem talvez do teu próprio nome. O que importa realmente é como vives a tua vida e se te sentes bem com ela. Não importa o que os outros pensam da tua vida ou pensares em agradar aos outros. Aliás... ao dares assim tanta importância à opinião de outras pessoas é, realmente, tê-las muito em conta. Como é obvio que ouvir a outras pessoas e partilhar experiências e opiniões é fulcral. O debate é fundamental! Mas para isso é necessário interiorizar que todos somos diferentes e respeitar essa diferença (e procurá-la em ti).
Por isso, no meu entender, o que realmente interessa é as acções que praticas na tua vida diária. Nas tuas decisões. Se praticaste uma acção que entendes como má, censura-te e aprende com ela. Partilha a tua experiência. Pratica o bem e perdoa quem te ofendeu sem que essa pessoa ofereça as suas desculpas.



Acredita no que te digo... Apenas uma coisa é certa na vida... a Morte!

O que interessa é o que fazes com o tempo que te resta.

3 Comments:

Blogger RD said...

Olá, Joäo Francisco!

Dou-te a razáo em muitas das coisas que disseste. É verdade que amorte é a nossa única certeza (mas eu acredito que é apenas um estado intermédio, näo o fim em si mesmo)! É verdade que as pessoas vivem demasiado preocupadas com aquilo que os outros pensam e com o materialismo (mas isso näo é um fenómenos exclusivo dos dias de hoje; ao longo da História podemos apeciá-lo constantemente)! É uma pena...

De qualquer das formas, quem como nós pensa de forma diferente tem o privilégio de ver a vida por outra óptica, como um caleidoscópio colorido e pode dar pistas aos outros sobre as coisas divertidas, bonitas, encantadoras e espectacuares que podem existir para além dessas futilidades em que se perde a esmagadora maioria da humanidade.

Dito assim, até parece presunçäo da minha parte, mas näo é! Procuro respeitar a opiniäo dos outros, como gosto que respeitem a minha, mas tenho a minha prria forma de viver e é assim que vejo as coisas.

Näo te conheço, näo posso avaliar-te, mas pelos teus últimos posts, pareces-me muito triste, com o ânimo em baixo. Espero que te recompanhas, se fôr o caso! Por vezes, encontramo-nos em situaçöes difícies, mas quando sabemos o que queremos da vida e somos corajosos e persistentes, acabamos sempre por conseguir dar a volta aos problemas e seguir em frente! Bjs

14:32  
Blogger her said...

nem toda a gente banaliza assim a morte.. ha situaçoes e situaçoes..
tens razao quando dizes q o q interessa é o k fazemos c o tempo que resta.. o pior, é quando esse tempo nao é suficiente.. :)

o texto está muito bem escrito. Parabens!


*

23:44  
Anonymous Anónimo said...

O Al Capone acrescentava os impostos às certezas da vida...
Acho que a frase era "only two things are certain in life, death and taxes!"

10:32  

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