05 junho 2007

Materialismo

Hoje estava a ver o telejornal e vi que, tal como dizia o jornalista, uma carrinha de valores foi vítima de uma tentativa de assalto, no entanto os ladrões não levaram nada. Ao ouvir isto não pude deixar de achar uma certa piada, visto haver quase um certo paralelismo entre este pequeno incidente e a sociedade actual. Se nem uns ladrões equipados com caçadeiras e um BMW conseguiram alguns valores de uma carrinha cheia deles, será que o cidadão comum os conseguirá? Será que os valores estão assim tão bem protegidos e inacessíveis para o povo?
Antigamente vivíamos numa sociedade com distinções entre pessoas. Se uma pessoa nascia pobre, morria pobre. Ou então, se nascia rica, morreria rica. A ambição não era preocupação das pessoas naquelas altura. Contentavam-se com o que tinham e viviam felizes com isso. O que acontece na sociedade democrática dos tempos que correm é que toda a gente é, supostamente, considerada como igual. A ideia é fascinante e talvez poderemos dizer que é a mais justa. No entanto, formámos uma sociedade que já dão o nome de sociedade Prozac. A ideia que qualquer pessoa poderá ser aquilo que quer é uma ideia à primeira vista animadora e entusiasta, no entanto, quando ela é vivida poderá ser uma ideia e uma forma de vida que transborda ansiedade ao ser humano, visto que as suas ambições nunca estarão saciadas. A ideia que uma pessoa é avaliada pela sua riqueza material e pelo seu status social subverte todos os valores que ajudamos a construir ao longo de séculos. O pensamento que as pessoas ricas são de alguma forma os escolhidos de Deus e os pobres os infelizes e os renegados é mortal.
Vivemos numa sociedade de Markting Social, em que o que interessa é vender sonhos. Nem que sejam sonhos instantâneos. Somos constantemente bombardeados com publicidade e é o sexo que vende mais. Talvez por isso o materialismo foi associado ao sexo e ao amor, por isso, se não formos bem sucedidos na vida e não tivermos dinheiro e status em abundância (e mais que o vizinho) não seremos felizes e não poderemos amar. A mensagem foi totalmente subvertida. A mensagem de um simples carpinteiro que nos dizia que para amar e ser felizes apenas necessitávamos de amar e querer o bem do próximo. Acreditando ou não em Deus, no meu entender é a mensagem mais bonita e mais sincera que existe. No entanto, será que se Deus voltasse supostamente à Terra poderia voltar como carpinteiro? Será que a nossa sociedade o ouviria? Já não temos cruzes para o crucificar... Elas foram substituídas pelas ruas, pela exclusão social. Então será que Deus seria despejado na rua como um sem abrigo e a mensagem seria perdida? Será que Deus bateria na tua janela do carro e tu seguirias viagem sem lhe dirigires a tua palavra e olhar?