17 junho 2007

O Verde da Vida

Sinto-me uma criança... Sempre me senti. Uma criança com o seu bibe sujo de uma papa à muito ingerida. Uma criança que Caminha lentamente num deserto por uma estrada de alcatrão muito gasta. Uma estrada que vai em linha recta directamente até ao infinito. É uma paisagem muito seca, onde não há vida... Apenas existe o Sol e o vento, que faz questão de levantar muito pó, que quase me cega e me faz chorar.
Sem nenhuma necessidade para correr, vou Caminhando... Deste modo consigo poupar um pouco o meu esforço e não desanimar. Todas as outras crianças que me acompanhavam à muito fugiram para o deserto, talvez enlouquecidas pelo Sol escaldante. Apenas eu insisti em Caminhar descalço por este alcatrão abrasador. Quem será mais louco? Eu? Ou quem fugiu deste caminho?
É um Caminhada muito solitária. Sem água nem comida. Por vezes chego a ter alucinações, ou como dizem no deserto, miragens. Vejo um oásis onde poderei saciar todas as minhas faltas ou então vejo imagens de mais crianças que Caminham comigo por esta estrada tão solitária. Tudo não passam de ficções... De mentiras que os olhos me tentam vender. Por vezes caio em mim a comprar essas mentiras, talvez para alimentar a pouca esperança que existe em mim e, não fazer como as outras crianças, correr para o deserto onde deixará de existir qualquer objectivo a alcançar. Sou fraco... bem o sei!
Continuarei a mover estas pernas até que as forças me faltem. Ou então, até a sede ou a fome levarem a melhor. Continuarei a Caminhar até chegar aquele vale Verde que se vislumbra no horizonte. É o meu objectivo de Vida.