24 maio 2007

Love will tear us apart – Joy Division

Com este som por trás, escrevo neste blog, que por esta altura já deve ter teias de aranha. Estive fora deste mundo dos blogs, nem eu sei bem o porquê, mas foi um facto. Voltei do mundo dos mortos! Do mundo sem Internet. Será que esse é o mundo dos mortos ou o dos vivos? Fica aqui a questão.
Muito se passou entretanto na minha vida, como pequenos flashes que encadeiam os olhos mais atentos. Momentos apanhados em fotografias preto e branco e guardadas na minha fraca memória que muito quer reter. Os quilómetros nas pernas são incontáveis e no entanto, recusam-se a parar. As minhas pernas fazem questão de não andarem em linha recta mas sim, andarem constantemente em círculos, como uma espécie de aquecimento para algo que está para vir. Chegam mesmo a escavarem uma espécie de circunferência que marca um chão por muitas vezes pisado, um chão de terra escura sem vida.
Está a chegar o Verão e talvez, o meu último Verão como estudante. Será que passarei para o mundo da obscuridade e do cinzento? Será que a vida passará a ser uma espécie de combinação entre sombras e pó? Um mundo em que o relógio é a personagem principal de uma história dramática? Penso que só conseguirei responder a estas perguntas quando os meus cabelos decidirem mudar todos para branco. E espero não as responder afirmativamente...

09 maio 2007

"Mengele" de Gerald L. Posner e John Ware



"Mengele - O médico responsável pelas terríveis experiências de Auschwitz

Josef Mengele tinha um sonho: o aperfeiçoamento da espécie humana, melhorada através da ciência, como forma de alcançar o domínio supremo de uma raça superior. Para o capitão nazi, responsável médico pelo campo de concentração de Auschwitz entre 1943 a 1945, este era, acima de tudo, um acto de dever para ser levado a cabo com total disciplina.
Com um simples aceno de mão ou um movimento seco do bastão, Mengele selecionava os que seriam imediatamente gaseados ou os que serviriam de cobaias para as suas investigações médicas. Sem qualquer compaixão, Mengele efectuava as mais terríveis experiências com seres humanos. A sua particular obsessão eram os gémeos.
Depois de cinco anos de investigação, com acesso exclusivo e irrestrito a mais de cinco mil páginas de escritos íntimos de Mengele e fotografias inéditas, Gerald L. Posner e John Ware retratam a vida deste homem, do nascimento à morte. Separando os factos das lendas que existem sobre o mais famoso médico nazi, os autores recriam a vida do homem que se tornou a verdadeira personificação do mal; e que ficou conhecido para a História como o "Anjo da Morte".
Apesar de todos os esforços para o capturar, Mengele passou 35 anos da sua vida em fuga. Depois de muitas notícias sobre a sua eventual morte, faleceu aos 68 anos, no Brasil, sem nunca ter sido julgado pela Justiça. E, sem nunca ter manifestado quaisquer remorsos pelos seus actos"

Novo livro que comprei!

06 maio 2007

Verdade

Finalmente chegou o nosso primeiro dia de aulas da primeira classe! Já nos sentimos crescidos e sentimos uma grande excitação e expectativa em relação ao que vêm ai! Estamos alegremente, sentados na nossa secretária que está na sala de aula com o nome de Sistema Solar. Demos carinhosamente o nome de Terra a esta nossa velha secretária que nos acompanhou até agora. Cada vez menos nos preocupamos com ela. Não cuidamos dela e por vezes, cortamos pequenas farpas às suas extremidades, escrevemos nomes sem sentido no seu tampo e mostramos-lhe o nosso constante desagrado em relação à vida. Somos muito duros e queixosos com ela! No entanto, ela por vezes queixa-se também, sem sequer a ouvirmos... Não lhe damos nenhuma atenção e houve vezes que ela já nos atirou ao chão! Felizmente sempre conseguimos levantar-nos e nunca foi nada de grave.
A verdade é que no nosso íntimo sentimo-nos muito sozinhos... Estamos numa sala de aula com mais algumas carteiras, mas estão todas vazias! Por vezes sentimo-nos também aborrecidos e chateados... e quase nunca ouvimos as lições dadas pela nossa professora que tanto nos esforça por ensinar. Fazemos questão de estarmos sempre a olhar para o pátio que demos o nome de Universo. É quase hipnótico estar a olhar e imaginar como será correr e divertimo-nos nele. Temos um forte desejo para que o toque da campainha soe para irmos finalmente brincar com os outro meninos e meninas das outras salas.
No entanto, mesmo aí, no pátio, temos noção que estaremos fechados e presos na mesma. Talvez com um pouco mais de liberdade. Isto deve-se aos enormes muros que o rodeiam. Os muros que travam a percepção e compreensão humana. Muros tão elevados que nem o céu conseguimos vislumbrar. É um pátio muito escuro.
Mesmo ai... nesse pátio... esperamos impacientes pelo nosso Pai que nos levará finalmente para o calor da nossa casa...


Onde tudo é seguro e nos sentiremos livres.




Onde tudo é certo.

03 maio 2007

A puta da efemeridade da vida!

O meu profundo pesar pela morte do meu coordenador de curso e meu professor, Professor Carlos Belo.

02 maio 2007

Realmente tudo é efémero comparado com o Universo. Nós somos pó e a Terra é um pequeno grão de areia numa praia imensa. Não temos qualquer noção espacial na nossa consciência. A realidade por nós entendida é apenas aquela que nos é posta à frente dos nossos olhos e nos é entregue pelos nossos sentidos. Eles são os advogados das inverdades e mentiras. Uma representação da realidade é apenas aquilo que temos.
Sabias que a televisão funciona a 25 imagens por segundo, no entanto no cinema são 22 imagens por segundo? Será que somos assim tão fáceis de enganar? Penso que sim. Toda a engenharia de imagem existente procura o modo de poupar e enganar o ser humano de modo a gastar o menos possível. E não é nada difícil! Tal como na televisão e no cinema, a representação da vida pelos nossos olhos é totalmente enganadora. Somos enganados por nós próprios e não temos consciência de tal.
Nem sequer somos pó. O pó dura mais tempo que nós e a nossa realidade. Somos pequenas moléculas de água que evaporam passado pouco tempo. A nossa maior esperança é que talvez poderá chover no futuro após evaporarmos e talvez, e só talvez, faremos parte de um ciclo com algum sentido. Um ciclo de vida e não de morte. Que não seja o vazio eterno.
O sentido para a vida assim impõe, no meu entender, fazer algo que marque alguém. Fazer algo de bom. Criar e pensar. E dentro da nossa responsabilidade intelectual, ser humildes ao ponto de reconhecer a efemeridade da vida e lutar pela durabilidade da Humanidade e do planeta Terra. Que a vida não nos passe ao lado! Que faremos algo mais substancial, que apenas deixar para o amanhã a felicidade. Não deixaremos para o amanhã a procura da verdade e a procura do bem comum!

Joy Division

"Para Curtis, a cidade era ao mesmo tempo recreio e morgue: Um espaço em branco onde a juventude esquecida podia congregar-se; uma pequena encruzilhada onde se podia perder ou ganhar a própria alma."

"Cada cidade e cada época tem o seu próprio estimulante - e na Manchester do final dos anos 70 esse estimulante era o haxixe."

"As letras estavam imersas no lado negro de Burroughs e Ballard, mas por baixo estavam surtos de emoções, controladas e poderosas: Culpa, Medo, Raiva, Claustrofobia, Nojo e um derradeiro fatalismo curioso."

"Curtis vivia cada momento como se fosse o último, dando tudo de si. Nesta prática de envolvimento total, a sua epilepsia começou a tornar-se indistinguível da sua performance." John Savage

2007 será então o ano Joy Division? Vai estrear uma longa-metragem de nome Control realizada por Anton Corbijn assinada pela viúva de Curtis, baseada no seu livro Touching From A Distance. Vão ser de novo relançados os três primeiros álbuns dos Joy Division. Long live Curtis!





"Não estou certo que alguém que gaste tempo e recursos imaginativos nesses locais sombrios, por mais escrúpulos que possua, consiga, ou deva, deixá-los pessoalmente intacto. Mas os locais sombrios estão no centro. Se os ignorarmos, não pode haver uma discusão séria sobre o potencial humano" Ian Curtis